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Amigo Bóris -- Crônica de Adriana Pasqualini

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Mensagem  Vanessa R. Vianna Qui Ago 04, 2011 2:22 pm

Vale POR DEMAIS ler!!

Bjins!! I love you


No começo era isso: Bóris ficava no portão à espera de Pedro para brincar com a bolinha de tênis. Era uma festa só. Uma amizade que se estendia a cada dia. Com chuva ou sol, lá estavam eles dando uma voltinha pelo bairro. Por anos e anos a rotina se repetiu, Bóris, mestiço de pastor-alemão, era seu “cãompanheiro” nas horas boas e nas horas ruins.

Os anos foram passando, a saúde do amigo de Pedro não era mais a maratona de jogar bolinhas e correr no imenso quintal. O cão foi ficando velhinho e as brincadeiras se resumiram ao dono tentar acertar biscoitos em sua boca. Mas, assim como qualquer pessoa, os bichos envelhecem e podem ter problemas de saúde. Não foi diferente com Bóris. Preso a uma cadeira de rodas adaptada, já não podia fazer muito exercício. Então, o pior aconteceu: o
que Pedro faria com um cão assim?

Bóris foi abandonado à própria sorte, pelo simples fato de não poder mais brincar, correr ou passear. Recebia comida e água de pessoas que viam sua situação. Sozinho, deitado numa folha de jornal, ele agradecia aos benfeitores com uma bela lambida. Às vezes parecia até sorrir. Velho, deficiente, mas com brilho especial. Nunca abandonaria ninguém. Essa fidelidade já é dos cães.

Até que um anjo da guarda foi ao encontro do cão. Carregava uma plaquinha para pendurar no pescoço dele na qual se lia: “Amigo Bóris”. O anjo abriu a porta da casa humilde. Todos receberam Bóris com muita alegria. Uma criança de 7 anos que amava bichos o convidou pra brincar no quintal. A alegria foi
completa para aquela família e seu cão. Ele voltou à vida. Não sentia mais frio, sede ou fome e tinha o amor incondicional daquelas pessoas.

Mas e o Pedro? Aos 65 anos, aposentado, morava sozinho. Seus filhos, curtindo a casa de luxo da praia, mal tinham tempo pra ver o pai. Seus netos estudavam, tinham tarefas da escola e nos fins de semana brincavam com outros coleguinhas no litoral.

Dona Mercedes, amiga da família, quando podia, dava uma passadinha lá pra ver se ele queria ir ao banheiro, tomar banho... Era difícil fazer tudo sozinho em uma cadeira de rodas. Isso mesmo: uma queda do topo da escada de sua bela casa fez com que não sentisse mais nada da cintura pra baixo. Ele dependia dos outros, mas nem todo mundo o ajudava. Muitas vezes ficava sem banho, sem fazer suas necessidades no devido lugar e tinha que conviver com isso. Ele podia pagar, tinha muito dinheiro, mas parece que isso não resolvia nessas horas.

A senhora, que anos antes era apaixonada por ele, bufava ao pensar que tinha o compromisso em cuidar do homem. Mas, afinal ela estava sendo remunerada. Seu humor era terrível, não tinha amigos, não tinha quem perdesse dez minutos do seu tempo com ele. Estava lá, deixado de lado. Sua vida se resumia a assistir televisão e ouvir rádio. O sol já não lhe agradava, a chuva o aborrecia, e sua mente não o cobrava.

Num dia ensolarado, sentado à varanda, não pensava em nada. Por ironia do destino, seu amigo Bóris, velhinho, de passos curtos, passa em frente à sua casa. Sobre sua cadeira de rodas lustrosa, usava uma coleira linda e estava acompanhado dos mais preciosos acessórios: os amigos. Aqueles que o tinham acolhido na hora que mais precisou.

Como seu faro já não era mais tão aguçado, não percebeu a presença de Pedro. Ao antigo dono só restou vê-lo passar, bem tratado e recebendo amor.

E a vida segue feliz, pelo menos para Bóris.

Vanessa R. Vianna
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